quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O crescimento em humanos

O CRESCIMENTO EM HUMANOS
Entende-se por crescimento a adição organizada de novo tecido, que ocorre normalmente desde a fase intra-uterina até a idade adulta.
No homem esse crescimento é possível graças a um sistema hormonal ( ou endócrino) bastante eficiente. Veremos adiante os hormônios que influenciam no crescimento humano e como agem no organismo.

HORMÔNIO DO CRESCIMENTO . O crescimento da espécie humana é regulado pelo hormônio GH ( growth hormone= hormônio de crescimento), o qual é sintetizado e secretado durante a infância e adolescência. Embora na fase adulta o crescimento esteja estacionado, há também secreção de GH, que participa de outros processos fisiológicos.

LOCAL DE SECREÇÃO O hormônio de crescimento é sintetizado e secretado pela adenohipófise, uma das divisões da glândula chamada hipófise. Esta é a glândula endócrina que regula um maior número de funções no organismo, tendo ação sobre diversas outras glândulas. Seus hormônios são lançados diretamente na circulação sangüínea. A hipófise está localizada na base do crânio, alojada numa pequena depressão do osso esfenóide e liga-se ao hipotálamo por um pedúnculo nervoso (Figura abaixo).
O hipotálamo é uma área do encéfalo responsável pela coordenação de diversas funções, tais como fome, sede, sono, atividades sexuais e pela regulação da atividade da hipófise.

MECANISMO DE AÇÃO DO GH . O GH é secretado com maior intensidade nas fases de crescimento, o que ocorre geralmente no turno noturno, durante as primeiras horas do sono. Quando sintetizado este hormônio é lançado na circulação sangüínea, agindo inicialmente no fígado e rins. Estes serão então estimulados a produzir outro hormônio chamado somatomedina que, por sua vez, atua diretamente sobre os tecidos cartilaginoso, ósseo e até muscular. No tecido ósso, a somatomedina leva ao aumento do número de mitoses das células das placas epifisárias e estimula a síntese protéica (Figura abaixo).

Desenho esquemático do crescimento de um osso longo; ossificação e crescimento ósseo (modificado de Mosset et al., 1993; Romer, 1985)

A formação de um osso endocondrial consiste inicialmente na substituição de uma cartilagem embrionária por uma subseqüente calcificação. Entretanto mais tecido ósseo é depositado sob forma de lamelas na superfície da cartilagem, o que é possível graças a influência do GH. Além desse hormônio, os ossos também contam no seu processo de desenvolvimento, com a ação dos osteoblastos, que são células mesenquimais responsáveis pela origem da célula óssea madura. Os osteoblastos depositam tecido ósseo nos locais da cartilagem destruída. Esse processo chama-se ossificação e processa-se a partir do centro do "osso" em direção a ambas extremidades do modelo cartilaginoso.

Nos mamíferos em geral , encontram-se ossificações acessórias - as epífises, que se desenvolvem em ambas as extremidades de um osso longo. Nesta região, há centros de ossificações que correspondem aos pontos em que a somatomedina atua, estimulando a multiplicação das células aí encontradas e, consequentemente, o aumento do osso.

A somatomedina também induz a formação de novas enzimas e o aumento de ribossomos nas células ósseas, os quais serão necessários à síntese de proteínas, lembrando que estas fazem parte do processo de estruturação do organismo. A formação protéica ocorre durante a crescente incorporação de aminoácidos nos tecidos, particularmente no músculo.

As concentrações de GH no sangue não são diferentes em adultos e crianças. No adulto, GH produz uma variedade de efeitos que não são apenas relacionados ao crescimento, mas também à regulação do metabolismo energético, como, por exemplo, no metabolismo de carboidratos no fígado. Este fato fica evidente em indivíduos que não possuem hipófise, pois são hipersensíveis aos efeitos da insulina. Em contrapartida, o GH diminui a sensibilidade à insulina, em parte antagonizando os seus efeitos relativos à captação de glicose no músculo e tecido adiposo e, em parte, por estimular a produção de glicose pelo fígado .

Observa-se também que o GH influencia na redução da gordura do corpo, o que decorre da diminuição da síntese de ácidos graxos a partir de glicose e, principalmente, da mobilização aumentada de ácidos graxos livres dos depósitos do tecido adiposo. Assim, é comum encontrar indivíduos anões com taxa de gordura corporal elevada.

MECANISMO DE REGULAÇÃO DO GH . O hipotálamo desempenha papel importante na regulação da secreção do GH, pois sua estimulação resultará no desencadeamento de vários fatores para que o crescimento ósseo tenha resultados positivos. Esta estimulação geralmente ocorre durante o sono e na presença de algumas moléculas no organismo, como: glicose, aminoácidos e ácidos graxos, bem como a prática de exercícios físicos.

A liberação do GH é estimulada pelo hormônio liberador do hormônio de crescimento (GHRH) e inibido pelo hormônio somatostatina, ambos secretados pelo hipotálamo (Figura abaixo). Assim , estando presente o fator liberador do GH na circulação sangüínea , as células da hipófise anterior (adenohipófise) serão estimuladas a sintetizar e secretar o GH; este, chegando no fígado , estimulará a secreção da somatomedina.

O controle da secreção dos hormônios da hipófise é potencialmente complexo, porque ele pode ocorrer em vários níveis, como por exemplo a somatomedina, que pode inibir a própria secreção, a secreção do GH ou a secreção do GHRH.

DOENÇAS RELACIONADAS AO CRESCIMENTO HUMANO. Existem no homem algumas complicações relacionadas ao crescimento que são geralmente atribuídas aos distúrbios de produção de GH. Algumas delas são descritas abaixo.

NANISMO- em geral, os hormônios são produzidos durante a infância e a adolescência. No entanto, se nesse período ocorrer uma deficiência na taxa de circulação do hormônio de crescimento (GH), o indivíduo sofrerá uma grave redução do crescimento. Daí essa anomalia ser denominada nanismo.

GIGANTISMO- o hormônio de crescimento também pode ser produzido em excesso durante a infância devido à hiperfunção da glândula secretora nesta fase. Isto resultará na aceleração do crescimento , em especial dos ossos longos , o que levará o indivíduo a um crescimento excessivo, atingindo alturas de até 2,45m.

ACROMEGALIA- a produção excessiva do GH após a adolescência pode acontecer, decorrente de uma tumoração das células da hipófise que secretam este hormônio. Nesse caso, uma vez que já houve o fechamento das cartilagens de conjugação, os ossos aumentam em espessura e os indivíduos acromegálicos podem apresentar alongamento de mandíbula e deformidade nos ossos da face, mãos e pés.

Alterações do crescimento humano relacionados aos distúrbios da produção do hormônio de crescimento na infância: excesso = gigantismo; escassez = nanismo (objeto da revista Globo Ciência, 1997)

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