sábado, 31 de julho de 2010

TEMPERATURA - Habilidades Médicas

Sabemos ser quase constante, a temperatura no interior do corpo, com uma mínima variação, ao redor de 0,6 graus centígrados, mesmo quando expostos à grandes diferenças de temperatura externa, graças à um complexo sistema chamado termorregulador. Já a temperatura no exterior varia de acordo com condições ambientais. A mesma é medida através do termômetro clínico.
TERMÔMETRO CLÍNICO - Idealizado por Santório, entre os anos 1561 e 1636, é considerado o ponto de partida da utilização de aparelhos simples que permitem obter dados de valor para a complementação do exame clínico.

CONTROLE DA TEMPERATURA CORPORAL - O calor produzido no interior do organismo chega à superfície corporal através dos vasos sangüíneos e se difundem através do plexo sub-cutâneo, que representa até 30% do total do débito cardíaco. O grau de aporte de sangue pela pele é controlado pela constricção ou relaxamento das artérias, sendo que ao chegar na superfície, o calor é transferido do sangue para o meio externo, através de: irradiação, condução e evaporação.
Para que ocorra a irradiação, basta que a temperatura do corpo esteja acima do meio ambiente. A condução ocorre quando há contato com outra superfície, sendo que existe troca de calor até que as temperaturas se igualem. Já o mecanismo pelo qual o corpo troca temperatura com o ar circulante chama-se convecção.
A temperatura é quase que totalmente controlada por mecanismos centrais de retroalimentação que operam através de um centro regulador situado no hipotálamo, mais precisamente através de neurônios localizados na área pré-óptica do hipotálamo, sendo que este centro recebe o nome de centro termo regulador.
Quando há elevação da temperatura, inicia-se uma eliminação do calor, através do estímulo das glândulas sudoríparas e pela vasodilatação; com a sudorese há uma perda importante de calor, sendo que quando ocorre o inverso, ou seja o resfriamento do organismo, são iniciados mecanismos para a manutenção da temperatura, através da constricção dos vasos cutâneos e diminuição da perda por condução, convecção e transpiração.

LOCAIS DE VERIFICAÇÃO DA TEMPERATURA - Os locais onde habitualmente são medidas as temperatura do corpo são: axila, boca, reto e mais raramente a prega inguinal, sendo que além do valor absoluto, as diferenças de temperatura nas diferentes regiões do corpo, possuem valor propedêutico, por exemplo, a temperatura retal maior que a axilar em valores acima de 1 grau, pode ser indicativo de processo inflamatório intra-abdominal.
Na medida oral, o termômetro deverá ser colocado sob a língua, posicionando-o no canto do lábio; a verificação da temperatura oral é contra-indicada em crianças, idosos, pacientes graves, inconscientes, psiquiátricos, portadores de alterações orofaríngeas, após fumar e após ingestão de alimentos quentes ou gelados.
Na temperatura retal, o termômetro deverá possuir bulbo arredondado e ser de maior calibre, sendo contra-indicações para a verificação do método pacientes com cirurgias recente no reto ou períneo ou portadores de processos inflamatórios neste local. É considerada a temperatura mais precisa.

MATERIAL - bandeja, termômetro, algodão, álcool e sacos para algodão seco e úmido.
PROCEDIMENTO
Lavar as mãos
Orientar o paciente quanto ao procedimento
Reunir o material e levar à unidade do paciente
Deixar o paciente deitado ou recostado confortavelmente
Limpar o termômetro com algodão embebido em álcool
Enxugar a axila se for o caso, com as próprias vestimentas do paciente
Descer a coluna de mercúrio até o ponto mais baixo, segurando otermômetro firmemente e sacudindo-o com cuidado
Colocar o termômetro na axila, se for o caso, mantendo-o com o braço
bem encostado ao tórax
Retirar o termômetro após 5 a 7 minutos
Ler a temperatura na escala
Limpar com algodão embebido em álcool
Lavar as mãos
Anotar no prontuário da paciente

VALORES NORMAIS DA TEMPERATURA - Como dito anteriormente, os locais habituais da medida da temperatura corpórea são: a axila, a boca e o ânus, sendo que existem diferenças fisiológicas entre os locais:
Axilar - 35,5 a 37,0 0C
Bucal - 36,0 a 37,4 0C
Retal - 36,0 a 37,5 0C
A elevação da temperatura acima dos níveis normais recebe o nome de hipertermia e abaixo de hipotermia.

FEBRE - Nada mais é do que a elevação da temperatura acima da normalidade, causada por alterações do centro termo regulador ou por substâncias que interferem com o mesmo. Muitas proteínas ou produtos como as toxinas de bactérias causam elevação da temperatura e são chamadas de substâncias pirogênicas, sendo portanto que a elevação da temperatura ou seja a febre pode ocorrer por infecções, lesões teciduais processos inflamatórios e neoplasias entre as mais importantes.
A febre é apenas a elevação da temperatura, ou seja, um sinal porém a grande maioria das pessoas se ressentem desta elevação apresentando outros sinais e sintomas como: astenia, inapetência, cefaléia, taquicardia, taquipnéia, taquisfigmia, oligúria, dor pelo corpo, calafrios, sudorese, nauseas, vômitos, delírio, confusão mental e até convulsões, principalmente em recém-nascidos e crianças. Ao conjunto desses sinais e sintomas, acompanhado da elevação da temperatura damos o nome de síndrome febril. São raras as pessoas que apresentam febre na ausência de qualquer outro sinal ou sintoma.
Semiologia da Febre - As seguintes características da febre devem ser avaliadas: início, intensidade, duração, modo de evolução e término.
1) Início - Pode ser súbito, onde percebe-se a elevação brusca da temperatura, sendo que neste caso com freqüência acompanha-se de sinais e sintomas da síndrome febril, ou pode ocorrer de maneira gradual, em que as vezes nem é percebida pelo paciente.
2) Intensidade - A classificação obedece a temperatura axilar, devendo sempre lembrar que a intensidade também depende da capacidade de reação do organismo, sendo que pacientes extremamente debilitados e idosos podem não responder diante de um processo infeccioso. A intensidade e é assim caracterizada:
febre leve ou febrícula - até 37,5 graus
febre moderada - de 37,5 até 38,5 graus
febre alta ou elevada - acima de 38,5 graus
3) Duração - É uma característica importante, podendo interferir na conduta médica. É dita prolongada quando a duração é maior do que 10 dias, sendo que existem doenças próprias que são responsáveis por esta duração, como a tuberculose, septcemia, endocardite, linfomas entre outras.
4) Modo de evolução - Este dado poderá ser avalizado pela informação do paciente, porém principalmente pela análise diária da temperatura, sendo a mesma registrada em gráficos próprios chamados de gráficos ou quadro térmico, sendo que a anotação pode ser feita no mínimo duas vezes por dia, ou de acordo com a orientação médica.
Febre contínua - aquela que sempre permanece acima do normal, com variações de até 1 grau; exemplo freqüente é a febre da pneumonia
Febre remitente - há hipertermia diária, sendo que as variações são acima de 1 grau; são exemplos a febre dos abcesso, septicemias
Febre intermitente - neste caso, a hipertermia é interrompida por períodos de temperatura normal, que pode ser de alguma medida no mesmo dia, ou um ou mais dias com temperatura normal; é característica da malária.
Febre recorrente ou ondulante - caracteriza-se por períodos de temperatura normal que dura dias, seguido de elevações variáveis da temperatura; são encontradas por exemplo nos portadores de neoplasias malignas.
Término - é dito em crise, quando a febre desaparece subitamente, com freqüência nesses casos acompanhado de sudorese profusa e prostação. Em lise quando a hipertermia desaparece lentamente.



 Mário Augusto F. Cruz. 
 

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